Socióloga parte de dados estatísticos da Pordata

Portugal é atualmente o sexto país mais envelhecido do mundo, de acordo com um estudo realizado sobre o retrato do país em termos de fecundidade, natalidade, envelhecimento e do papel da mulher no trabalho e na família.
Maria João Valente Rosa partiu dos dados estatísticos da Pordata para fazer o retrato da realidade portuguesa, através das mudanças demográficas ao longo dos anos.
Apesar de a população portuguesa ter aumentado 1,7 milhões entre 1960 e 2010, “no ano passado batemos o recorde da mais baixa natalidade de sempre, com 89.841 nascimentos”, bastante menos do que os ainda assim poucos 107.598 registados em 2011, revelou à agência a socióloga Lusa Maria João Valente Rosa.
Também a investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas, Anália Torres, revelou que Portugal foi o país na Europa onde mais desceu a natalidade entre 1990 e 2011. “Era o país com a maior taxa de natalidade e agora a menor”, sublinhou.
Por isso, “nascer em Portugal é nascer num país envelhecido”, refere Maria João Valente Rosa, salientando que em Portugal se “envelhece de forma acelerada”.
Em 1970, Portugal era o país menos envelhecido da Europa e embora todos tenham envelhecido de uma maneira geral, Portugal foi o que mais subiu na tabela, tornando-se em 2011 “um dos mais velhos do mundo”, ocupando a 6ª posição.
A idade média da população portuguesa era em 2011 de 42 anos, ao passo que em 1960 era de 28 anos. Atualmente o número de pessoas com menos de 15 anos é inferior àquelas com idade igual ou superior a 65 anos.
De acordo com Anália Torres, entre 1990 e 2011, todos os países nórdicos, em particular os escandinavos, começaram a subir no índice de fecundidade, enquanto o padrão se manteve sempre baixo nos países do sul, a ponto de atualmente o ponto mínimo de fecundidade nos países nórdicos ser o ponto máximo de fecundidade nos do sul.
Esta mudança teve na base políticas sociais adotadas naqueles países, que têm por alicerce a ideia de que “mulheres e homens têm direito ao trabalho e à família e que as crianças devem ser protegidas por todos e são uma responsabilidade da sociedade”, explicou a investigadora.
Esta realidade está traduzida nos dados estatísticos da Pordata, que mostram que as mulheres portuguesas trabalham “muito mais tempo” dos que as mulheres da União Europeia a 27.
“Nos países de referência em termos de fecundidade (como os escandinavos, os países baixos ou a Bélgica), as mulheres estão acima da média da União Europeia (UE) em termos de trabalho a tempo parcial”, indicou Maria João Valente Rosa. Contrariamente, em Portugal, o trabalho a tempo parcial representa 17%, metade da média da UE (33%), acrescentou.
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