Obesidade: influência da carne semelhante à do açúcar a nível global
Estudo desenvolvido pela Universidade de Adelaide
09 agosto 2016

O consumo excessivo de carne, que se verifica na dieta moderna, fornece um excesso de energia e contribui para a obesidade a nível global numa proporção semelhante à do açúcar, revela um estudo publicado nas revistas “BMC Nutrition” e “Journal of Nutrition and Food Sciences” e apresentado na 18.ª Conferência Internacional sobre Nutrição e Ciências da Alimentação, em Zurique, Suíça.
Especialistas em anatomia comparada e evolução humana da Escola de Medicina da Universidade de Adelaide, na Austrália, têm estudado a correlação entre o consumo de carne e as taxas de obesidade em 170 países.
“É muito provável que considerem os nossos achados controversos, porque sugerem que a carne contribui para a prevalência da obesidade em todo o mundo na mesma extensão que o açúcar”, revela um dos autores do estudo, Maciej Henneberg, em declarações reproduzidas no comunicado da universidade australiana.
Através da análise das taxas de obesidade em 170 países em todo o mundo, os cientistas descobriram que “a disponibilidade de açúcar num país explica 50% da variação da obesidade, enquanto a disponibilidade de carne, os restantes 50%”. Após terem realizado correções para terem em conta a riqueza de um país (medida através do Produto Interno Bruto), consumo calórico, níveis de urbanização e inatividade física – todos estes fatores que contribuem para a obesidade – o açúcar manteve-se como fator importante, contribuindo, de forma independente, com 13%, a mesma proporção que a carne.
“Embora acreditemos que é importante que o público esteja alerta para o consumo excessivo de açúcar e de algumas gorduras na sua dieta, acreditamos que a proteína da carne na dieta humana está também a dar um contributo significativo para a obesidade”, acrescenta Henneberg.
De acordo com Wenpeng You, outro autor do estudo, existe a ideia de que os hidratos de carbono e especialmente as gorduras são os principais fatores da obesidade. Contudo, esclarece, tanto os hidratos como as gorduras fornecem-nos a energia suficiente para responder às nossas necessidades diárias. “Visto que a proteína da carne é digerida depois das gorduras e dos hidratos de carbono, isso faz com que a energia que recebemos das proteínas sejam um acrescento, o que é depois convertido e armazenado como gordura no corpo humano”, adianta.
Embora outros estudos que indicam que a gordura encontrada na carne é a principal responsável pela relação estabelecida entre o consumo de carne e a obesidade, You acredita que é a proteína da carne que contribui diretamente para essa doença.
Henneberg considera que seria um erro olhar para estes achados e considerar que se deve manter uma dieta rica em gordura e hidratos de carbono. No entanto, considera importante terem demonstrado o contributo da proteína da carne na obesidade, para melhor se entender o que se passa atualmente.
“No mundo moderno em que habitamos, de forma a contornarmos a obesidade, poderá fazer sentido que as orientações nutricionais aconselhem a comer menos carne, assim como açúcar”, refere.
ALERT Life Sciences Computing, S.A.
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