Mais de 30 casos de complicações registados nos últimos dois meses

No espaço de dois meses foram registados em Portugal 34 casos de complicações consequentes do consumo de drogas legais, apontam dados do Ministério da Saúde.
Os hospitais públicos começaram a registar casos de complicações em doentes devido ao consumo de novas substâncias psicoativas que são vendidas normalmente nas chamadas lojas “smartshops”. Dos 34 casos, contam-se 16 internamentos e duas situações de coma.
Os casos de complicações foram registados maioritariamente na zona de Lisboa e Vale do Tejo e na zona Centro, onde há maior concentração das lojas que vendem estes produtos. Existem cerca de 40 locais que comercializam estas substâncias, as quais vendidas legalmente como fertilizantes de plantas.
Registou-se, entre os mais de 30 casos, uma elevada taxa de complicações do foro psiquiátrico, com metade dos doentes a exibirem alterações de comportamento consideradas muito graves. Está em curso uma investigação a dois casos de morte, mas segundo o secretário de Estado não há ainda registo de óbitos diretamente atribuídos a essas substâncias.
O secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, revelou à agência Lusa que “isto só vem demonstrar o elevado grau de perigosidade destas substâncias e justificar a nossa preocupação em, tão cedo quanto possível, criar um quadro legislativo que torne impossível a venda destes produtos”.
Mesmo sem registo de óbitos, o secretário de Estado da Saúde considerou “preocupante” que mais de 30% das ocorrências indiquem sequelas neurológicas ou mentais. 9 dos casos eram reincidências, ou seja pessoas que já tinham recorrido às urgências hospitalares por consumo destas drogas.
A faixa etária dos consumidores que recorreram às urgências hospitalares constitui igualmente motivo de preocupação para as autoridades: 40% das ocorrências diziam respeito a jovens até aos 17 anos e 80% a pessoas até aos 30 anos.
“O perfil a que estamos a assistir, em particular nos jovens, deixa-nos muito alarmados”, comentou Leal da Costa, referindo ainda que existe uma tendência de casos em que são consumidas várias substâncias em simultâneo: novas drogas, álcool e também canábis.
A Autoridade do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) está a terminar uma lista de substâncias que permitirá criar uma portaria para suspender a venda destes produtos por um período até 18 meses “por razões de saúde pública”.
Esta portaria irá disponibilizar às autoridades fiscalizadoras, como a ASAE, o enquadramento legal necessário para atuar sobre as “smartshops”. “O que queremos é pegar nestas substâncias e equipará-las aos estupefacientes que estão proibidos e, a partir daí, estas lojas terão de mudar de rumo”, afirma Leal da Costa.
ALERT Life Sciences Computing, S.A.
